quarta-feira, 17 de março de 2010

Oriento-me pela ausência de sinais

Oriento-me pela ausência de sinais.
Decido caminhar pelas rochas salientes no horizonte da água. Não é uma água qualquer, é o Oceano Atlântico. É imenso. É ondulante e refrescante. É composto pela grandiosidade de uma diversidade homogénea.
O seu rendilhar ‒ de vagas compostas de ritmo, som e forma ‒ são tranquilizantes naturais; pelo menos em dias como hoje, em que o vento comemora a paz com a Terra e permite que o temor invisível não perturbe a minha calma humana.
Mudo geograficamente de lugar, mergulho numa nova procura:
Há anos que procuro o que não tenho, porém tenho muito mais do que procuro; só não sei usá-lo para o meu bem. Por isso, ou também por isso, desço pelos trilhos invisíveis da floresta, fresca de orvalho e verdejante de castanho .Procuro não encontrar uma direcção, quero perpetuar o meu diálogo físico com a natureza.
O céu cinzento continua a reprimir as lágrimas de chuva, ao mesmo tempo que filtra a luminosidade até um ponto ideal; ideal para uns olhos sensíveis à beleza. Os mesmos olhos que hoje bebem cores e formas de diferentes ângulos. É um daqueles momentos de sede de imagens, em que tudo é passível de ser absorvido e o léxico iconográfico é extensivamente ampliado. Os meus olhos estão loucos de vida hoje!

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