terça-feira, 1 de julho de 2008

Pensamentos sobre o Europeu 2

Retomando a ideia de um futebol de média/alta qualidade, devo partilhar que as minhas expectativas em relação ao futebol espectáculo neste tipo de eventos são muito baixos. Porquê? Os jogadores de topo chegam muito cansados e mentalmente fragilizados de épocas muito preenchidas. Penso que a competitividade clubista e o negócio do futebol tem um efeito desgastante e desviante de alguns valores fundamentais do futebol, como é o caso do futebol bonito, motivante e deslumbrante.
No entanto, este campeonato teve bons momentos de futebol. Equipas como a Holanda e a Espanha souberam com mestria aplicar as transições atacantes com grande classe e eficácia, onde grandes jogadores como Sneijder, De jong, Xavi e Senna foram deslumbrantes.
A Rússia impressionou-me através do futebol de escola, quero dizer, o futebol dos fundamentos básicos, passe, desmarcação, compensações, jogo sem bola, finta como recurso e não com regra, mudança de flanco, de posições e mesmo de formas de marcar livres directos…faltou-lhes experiencia, a grande estrela Pogrebnyak, uma voz de comando dentro de campo e talvez um pouco de modéstia após o empolgamento mediático resultante da vitória estrondosa frente à Holanda.
Penso que além destas equipas só me surpreendeu pela positiva a Áustria e Suíça, de quem pouco se esperava e mostraram carácter, motivação e espírito de equipa, ambas ficaram pela fase de grupos, mas se os árbitros tivessem feitos exibições justas, estas duas equipas tinham poderiam ter ido mais longe. O mesmo não se pode dizer da Turquia, que fez da garra e de um meio campo de qualidade argumentos para sobreviver sucessivos sobressaltos, no entanto, contrariando o que acontecera na última grande competição que participaram (Mundial 2002), os árbitros erraram novamente, mas neste caso a seu favor.
Concluindo, resta-me dizer que as equipas mais calculistas não foram premiadas, Grécia, Alemanha, República Checa, Suécia, todas elas propuseram-se a um futebol de expectativa, lembre-se da Suécia vs Grécia, para perceber até onde se pode chegar a “seca” com equipas com estas estratégias. A final representou a vitória do futebol de qualidade técnica, sobre o futebol rectilíneo, baseado fundamentalmente na táctica e capacidade física e mental dos seus jogadores.

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